Marie Claire: Astrocartografia, o que é o estudo que diz que estar em determinado lugar no mundo pode mudar a sua vida

Era 2017 e Isabella Mezzadri estava em uma viagem pela África do Sul quando pensou em uma forma de unir dois conteúdos que já divulgava em suas redes sociais: viagens e astrologia. Como se os planetas se alinhassem, os algorítimos mostraram para a jovem uma especialista apresentando um conceito ainda pouco difundido no Brasil, a astrocartografia. Já utilizada em outros países, a astrocartografia é um ramo derivado da astrologia tradicional que combina as características do seu mapa astral com o mapa-múndi, indicando pontos na Terra em que certos aspectos astrológicos estão ligados à sua personalidade. Na prática, isso significa que ela pode te ajudar a escolher o melhor destino para uma viagem ou o lugar mais adequado para se morar, por exemplo. Após o contato inicial, a paulista passou a se dedicar aos estudos. Para a sua surpresa, o país em que estava quando descobriu a astrocartografia estava relacionado com Júpiter, o que dialoga diretamente com a prática. “É muito interessante, porque Júpiter é um planeta que fala de viagens, expansão… e a linha do céu é um posicionamento mais voltado para a carreira, e foi uma descoberta que mudou o rumo da minha carreira”, conta. Isabella se tornou a primeira brasileira a se formar no curso de astrocartografia promovido por Jim Lewis, astrólogo que desenvolveu um software capaz de fazer os cálculos necessários para associar o mapa-múndi com o mapa astral. Natural do místico estado de Oregon, nos Estados Unidos, o guru difunde seus saberes e capacita profissionais para exercerem seu ofício por todo o mundo. “Eu trouxe o conhecimento para o Brasil e isso fez com que muitas pessoas tivessem acesso e muitos astrólogos pudessem se aprofundar na técnica”, conta. São Paulo escrita nas estrelas A astróloga e empreendedora Maria Eduarda Rodrigues, conhecida como Dudhar, 25, também atua na área. Ela explica que para realizar uma análise astrocartográfica é necessário comparar os mapas. “O mapa natal gera uma mandala clássica e ali vamos trabalhar com os planetas, trazer informações o que ela vai precisar desenvolver e os processos carmáticos dessa vida e de outras. Já o mapa astrocartográfico vai espelhar as linhas desse planeta no mundo.” Ela conta que ao procurar uma profissional para buscar orientação, é preciso que a pessoa esteja aberta para a mudança. “Costumo dizer que é a faca, o queijo e o incômodo. Porque você vai ter as ferramentas que precisa, mas tem que ter algo que te move a buscar”, defende. A partir das demandas de cada um, é possível traçar quais aspectos celestes são mais interessantes de serem explorados para obter as metas desejadas. Parece complexo — e de fato é — mas a técnica é interpretativa, partindo de informações cartográficas. Ao analisar o mapa, o profissional pode identificar respostas para as mais diversas áreas da vida. Por exemplo, quem está em busca de alguma mudança profissional deve encontrar quem está em sua casa 9, número tradicionalmente ligado à carreira. Como Júpiter é o planeta que abrange as questões profissionais, o profissional também busca onde está situado o planeta. A partir do cruzamento de informações, ele consegue orientar quem precisa de direcionamento. A própria astróloga passou por essa experiência. É que ela decidiu ir para São Paulo durante as chuvas que atingiriam o Rio Grande do Sul em maio deste ano. Na época, Dudhar deixou Porto Alegre e pretendia ficar apenas dois dias na capital paulista. No entanto, acabou ficando 34, o que gerou uma grande transformação pessoal e profissional. Ao analisar como a cidade se relacionava com ela por meio da astrocartografia, ela viu que a capital do Rio Grande do Sul era cortada por uma linha de Plutão, planeta relacionado ao renascimento. Já São Paulo era atravessada por uma linha importante de Vênus, que diz respeito a autovalorização, autenticidade, sobre ser quem é de verdade. “Nesses 34 dias, fiz contatos, contratos, conheci pessoas, finalizei ciclos de muito tempo e vim para cá na cara e na coragem. É como se São Paulo me permitisse ser a minha versão mais autêntica, como se fosse um solo fértil para eu me autorizar a colocar para fora algumas coisas.” Ela conta que São Paulo tem uma relação com Virgem, seu signo ascendente, o que chegou a gerar uma certa desorganização. “É uma cidade que faz um pouco isso com a gente, mas essa linha estava me afetando nesse sentido. [Trouxe] criatividade, o que é um ponto positivo, mas para processos empresariais e mais racionais foi um pouco complicado”, admite. Duas irmãs, um alinhamento astral Ainda de acordo com a astrocartografia, a distância mínima para uma transformação efetiva na vida do interessado é de 500 km. Foi o que aconteceu com a fonoaudióloga Maria Cristina de Alencar Nunes, 44, natural de Vila Velha, Espírito Santo. Ela e sua irmã gêmea, Janaina, viajaram cerca de 3 mil quilômetros até Cusco, no Peru, em setembro do ano passado, impulsionadas por uma leitura de mapa astrocartográfico. Convidada para ir a um congresso em Machu Picchu, também no Peru, ela aproveitou a oportunidade para chamar a irmã, que lembrou que o mapa das duas era atravessado por uma linha planetária ascendente em Urano, planeta relativo a experiências novas, inovação, tecnologia e extremos. Quando as duas chegaram, a conexão foi imediata. “Senti uma interação e conexão muito fortes. Tinha uma atmosfera diferente. Tudo era muito atrativo lá e parece que deu uma lavada na alma para começar algo novo. É diferente, algo difícil de descrever em palavras”, relata. Ao voltar, a capixaba sentiu uma conexão ainda maior com a irmã. Agora, as duas já estão pensando para onde será a próxima viagem, destino que será escolhido com a ajuda do mapa astrocartográfico. “Só quem vivencia sabe o que é, você fica diferente. A energia flui, é um alinhamento astral.” Ativação remota e astrocartografia acessível Mas, a astrocartografia não é só para quem tem condições de viajar para longas distâncias. A técnica de ativação remota é outro desdobramento da prática. A astróloga Carol Pereira, 43, explica que nem sempre é necessário a locomoção de fato. “Dá para entrar em contato com alguma coisa de lá à distância. Eu coloco planos de fundo nos seus celulares com destinos que tem a ver com partes da minha vida e já vejo resultados a partir disso”. A cantora Anitta já declarou que buscou um profissional da astrocartografia para decidir onde passaria o seu aniversário. A artista afirma que um alinhamento astral pode melhorar o próximo ciclo de 365 dias. Para Carol, a prática realmente tem esse poder. “A astrologia é simplesmente baseada no tempo, em saber a hora do nascimento para saber a latitude, calcular onde os planetas estão. Quando a gente coloca a cartografia, a gente insere localização. O seu mapa astral não muda, mas muda o ponto de vista do consulente para girar aquele mapa”, acrescenta a astróloga. A carioca, que já viu clientes passarem mal e relacionamentos terminarem em destinos que ela avisou que não eram boas escolhas, reforça que muitas vezes a escolha do local é necessária para a evolução. “Eu posso falar: ‘Vai ser horrível, não vá! Você vai ter uma infecção alimentar e pode morrer’, ou avisar para ter cuidado com o que vai comer na rua, fazer um seguro viagem. Nunca usaria uma ferramenta para criar um alarme ou medo em uma pessoa”, diz ela que também entende que a informação é ouro. “A gente não sabe se a intenção faz o fato, ou se o fato faz a intenção, por isso escolher um astrólogo com que você se identifica com a linha de raciocínio e de comunicação também é muito importante, porque aquela pessoa vai traduzir esses aspectos astrológicos para você.” Mezzadri ainda complementa: “A máxima da astrologia diz: ‘assim no céu como na terra’, mas não é que seja algo causal, é uma linguagem, uma relação de reflexo. Um exemplo muito legal é o relógio. Você olha e você enxerga que horas são, é útil. Você consegue ver quando é meio-dia, mas não é que o relógio esteja fazendo que seja 12h, ele só está apontando. Então, a astrologia é uma linguagem para compreender melhor os seus ciclos, o que está acontecendo. Ela não é a causa, mas te ajuda a viver melhor”.

astrologia
descomplicada

Sem estereótipos ou preconceitos, e com o objetivo de estimular e abrir pautas profundas no processo individual de autoconhecimento, pensar em uma astrologia descomplicada é entender que sua aplicabilidade está sempre nas escolhas inegociáveis de quem possui o mapa astral. A partir daí, convido você a mergulhar no alívio de reconhecer, na tradução dessa linguagem tão antiga e perfeita, todas as contradições que habitam dentro de você. Aquelas que, quando te perguntam como você é, fazem você dizer: “Tenho tal característica, mas depende do contexto”, ou “Já fui assim, mas agora não sou mais”, ou ainda “No trabalho sou mais assertiva, mas na vida pessoal sou mais sensível e ninguém conhece esse meu lado”. Todas as nossas contradições não são apenas normais, mas absolutamente esperadas.

A astrologia é uma linguagem prática, um idioma que revela nuances e sutilezas. Estou aqui para guiá-lo na tradução desse conhecimento ancestral, permitindo que você veja o universo como um espelho que nos presenteia com iluminações desde a nossa chegada a este planeta. Com esse entendimento, você pode vestir a experiência de ser quem é com um caimento muito melhor e mais confortável para seguir em frente.

últimas
postagens

×